O TRIUNFENSE, 12/10/2013.
Hoje, e sempre, é bom refletirmos sobre os cuidados que
lhes dispensamos enquanto pais, professores e sociedade, como um todo. A psicanalista
polonesa Alice Miller, doutora em Filosofia e
Psicologia, realizou um
notável trabalho
sobre o abuso infantil e suas consequências. Suas pesquisas constataram que a maioria das pessoas
violentas foram educadas de forma violenta e, com a justificativa de que era para o bem
delas, o que as obrigava - enquanto crianças pelo menos - a amar aqueles que as agrediam e
a confundir amor com violência.
Três conceitos de Miller são importantes para
entendermos um pouco do assunto: ‘Pedagogia Negra’, ‘Testemunha Auxiliadora’ e
‘Testemunha Conhecedora’.
Muitas são as
crianças ‘educadas’ sobre a égide da ‘Pedagogia Negra’, com o objetivo único de
terem sua vontade dobrada a qualquer custo. Se cederem, transformam-se em seres
submissos e obedientes, pela via da manipulação e da repressão. Infelizmente, o
que muitos chamam de educação, pode ser resumido como prática de humilhações,
castigos corporais, que terminam com a negação do sofrimento e, no futuro (não
tão distante), com a negação de todos os outros sentimentos. Seres humanos sem
sentimentos são perigosos para si mesmos e para a sociedade.
Miller estudou a
infância de Hitler e nela não foi encontrada nenhuma ‘Testemunha Auxiliadora’. A pessoa investida dessa função (que
pode ser uma tia, avó, irmãos, vizinha, empregada, babá, professor...) ajuda a
criança maltratada ou negligenciada, ainda que de forma esporádica, oferece-lhe
apoio, amor, carinho, confia nela e transmite-lhe a sensação de que não é má
e merece ser tratada com respeito.
É
terrível, mas há crianças que acreditam que são maltratadas porque são más, levando
esses sentimentos por toda a vida, comprometendo suas noções de valor
(autoestima), e até suas escolhas.
Essa testemunha será muito lembrada quando
adulta, descobrindo a diferença que o amor dessa pessoa fez em sua história.
‘Testemunha Conhecedora’: é uma pessoa que conhece as consequências da negligência e do abuso sofridos pela criança. Na vida adulta, a testemunha conhecedora pode representar um papel semelhante ao da testemunha auxiliadora na infância. Pode ajudar transmitindo aos adultos que sofreram algum tipo de abuso na infância, empatia, acolhimento, validação dos sentimentos, ajudando-as assim a entender melhor suas histórias, seus sentimentos de medo e impotência, para que possam ter mais liberdade em suas escolhas, libertando-as das consequências do sofrimento do passado.
‘Testemunha Conhecedora’: é uma pessoa que conhece as consequências da negligência e do abuso sofridos pela criança. Na vida adulta, a testemunha conhecedora pode representar um papel semelhante ao da testemunha auxiliadora na infância. Pode ajudar transmitindo aos adultos que sofreram algum tipo de abuso na infância, empatia, acolhimento, validação dos sentimentos, ajudando-as assim a entender melhor suas histórias, seus sentimentos de medo e impotência, para que possam ter mais liberdade em suas escolhas, libertando-as das consequências do sofrimento do passado.
Dentre as testemunhas
conhecedoras estão alguns psicólogos, professores esclarecidos, escritores.
Miller também derruba alguns mitos, tais como o do ‘lar
inviolável’ onde as leis e regras da casa precisam ser seguidas, o que dificulta a denúncia da
violência doméstica. Também ataca o ‘amparo familiar’, que contrapõe-se à
realidade das famílias, que estão longe de serem harmônicas , os padrões históricos dizem o contrário, os conflitos
familiares sempre existiram.
Outro mito muito arraigado é o de que ‘o homem não
controla seus instintos’, aumentando as chances de situações de violência
sexual. A mudança e a conscientização para a desconstrução desses mitos só
poderá acontecer através da educação.
Uma das formas acessíveis para se chegar a mudar este estado de coisas
tão desastroso, seria a comunicação de massa trabalhar com essa desconstrução
ideológica. Pensem nisso, Namastê!
Nenhum comentário:
Postar um comentário