25 maio, 2013

TODOS TÊM DIREITO À ESCOLARIDADE

O Triunfense/RS - 25 de maio de 2013.

        Mas, com raríssimas exceções, e graças a Deus elas existem, os  professores brasileiros  atuam e  foram formados para ensinar em escolas tradicionais e trabalhar com alunos com uma identidade fixada em modelos ideais. A exemplo da nossa formação histórica, sonham com classes formadas por crianças e adolescentes brancos, loiros, de olhos azuis, bonitos, inteligentes, perfumados, ricos, quase príncipes. Não reconhecem as diferenças culturais do nosso povo, a pluralidade das manifestações intelectuais, sociais, muito menos as afetivas.

       Os discípulos que destoam do modelo estabelecido para frequentar as salas de aula, fatalmente serão reprovados ou evadidos. A grande especialidade deste modelo tem sido, além do fracasso escolar, o fomento a comportamentos indisciplinados,  competitivos,  discriminatórios,  preconceituosos e violentos.  

 Muitos trabalhadores em educação estão em crise frente à possibilidade de suas escolas passarem a ser verdadeiramente inclusivas. A maioria não se sente preparada para tal e parece não se dar conta de que o papel da escola é formar gerações, baseada no desenvolvimento de valores éticos. À escola cabe estimular as potencialidades dos alunos. As disciplinas existem como meios e não como fins, em si mesmas. São meios para que as crianças conheçam melhor o mundo e as pessoas, para que se tornem melhores do que nós temos sido e convivam fraternalmente - desde a tenra idade, até a velhice - numa sociedade mais evoluída e humanitária do que a que construímos até aqui. Menos violenta e excludente, onde a ganância e a violência não ocupem o lugar central.

        Precisamos melhorar a nossa qualidade de ensino, para que os jovens sejam mais justos, mais éticos e mais felizes do que temos conseguido ser, porque a obrigação é nossa, já que a escola deve constituir-se num espaço privilegiado para a construção de personalidades humanas autônomas e  críticas. Nós formamos pessoas, antes de matemáticos, engenheiros, linguistas, médicos, etc. Conviver com as diferenças que nos constituem é um estímulo infalível para o exercício da cidadania, para nos tornarmos mais humanos, mais respeitosos, mais fraternos, mais amorosos e menos preconceituosos.


E enquanto construímos a Escola que deverá vir a constituir-se num lugar para sermos e fazermos os outros felizes, para onde nos dirijamos, diariamente,   alegres para estudar e/ou  trabalhar, fiquem com as sábias palavras de uma pessoa com deficiência visual e uma visão de dar inveja em qualquer um: "Cegos são aqueles que não conseguem se ver, que decidem continuar pela vida sem olhar onde estão, ignorando a sua responsabilidade e a importância de sua ação no processo de construção de sua história, da história do outro, da história da sua sociedade"  (Braille, 1992). Pensem nisso. Namastê!

18 maio, 2013

DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR

O Triunfense/RS -  edição de 18 de maio de 2013.


Rei morto, Rei posto. Ave César! Ficaram para trás tiranias, desmandos, corrupção, a coisa mal feita e a falta de capacidade administrativa, tão maléficos ao bem da coletividade.  O amanhecer de um novo tempo raiou na última quarta-feira, dia 15 de maio, com a posse do novo prefeito de Triunfo, Mauro Poeta, do vice Gaspar dos Santos e do seu Secretariado. É hora de arregaçar as mangas e a partir da desinfecção da coisa pública, planejar e executar um bom governo. Trabalho, trabalho e mais trabalho. Registro aqui, mais uma vez, meus mais sinceros votos de que este governo ande na linha certa, produtiva e benfazeja.

Vamos refletir um pouco sobre as atribuições e funções da figura política do prefeito municipal. A elaboração de políticas públicas para a saúde, a educação e habitação, entre outros fatores pertinentes ao bem-estar e a qualidade de vida dos triunfenses, devem estar entre suas ações. Como representante do poder executivo, cabe-lhe o controle do erário, o planejamento e a concretização de obras, não só em termos de construção civil, mas - especialmente, e com uma certa urgência - contemplar também a área social, tão relegada ao ostracismo, na última década, onde os mais necessitados ficaram a mercê de esmolas do poder público, sem projetos que os contemplassem com respeito e dignidade.

 É preciso frisar a ideia de que o poder executivo é de fato aquele quem executa, coloca em prática um conjunto de intenções do governo, realiza determinada obra, projeto, programa ou política pública. Além disso, cabe ao prefeito não apenas sancionar as leis aprovadas em votação pela câmara, mas tanto vetar quanto elaborar propostas de leis, quando achar necessário.  Contudo, o prefeito não governa sozinho, e por isso depende de apoio político da sua comunidade, da câmara municipal, assim como de outras esferas governamentais, a saber governo estadual e federal.

A boa relação com estes dois últimos poderes é fundamental, por que é deles que advém a ajuda qualificada, por meio de repasses de verbas, convênios e auxílios de toda natureza para a realização de obras e implantação de programas sociais, os quais são fundamentais para o atendimento das demandas locais.

Munir-se de um bom quadro técnico é fundamental, pois o trabalho deste, somado ao do funcionalismo - que, de longa data, sabe executar com presteza os liames para o desenrolar e desenvolvimento dos projetos pequenos, médios e audaciosos -  e ter vontade política é a chave para o bom andamento destes preceitos. Decidir onde vai ser aplicado o dinheiro arrecadado é uma tarefa do prefeito, que precisa ser aprovada pela câmara dos vereadores. A população, portanto, deve fiscalizar o trabalho do prefeito e, sempre que suspeitar de irregularidades, encaminhar denúncia ao Ministério Público ou à câmara dos vereadores.  É direito e até um dever de cada cidadão estabelecido em nossa cidade cobrar por seus direitos. Mas, para que isso seja feito a contento, é essencial saber quais as funções que o prefeito e os vereadores estão obrigados a cumprir, pois só assim poderão exigir o que é certo, sem falsas denúncias ou expectativas.

 Ambos, prefeito e vereadores, devem trabalhar de forma conciliada, onde nada é definitivamente aprovado ou realizado se não tiver a liberação do executivo e do legislativo. Entre outras atribuições exclusivas do prefeito estão: a limpeza pública, a manutenção de praças e ruas e a organização do trânsito. Outras tarefas são feitas em parceria com os governos estadual e federal, como a saúde e a educação, por exemplo. Na área de saneamento básico, as prefeituras atuam em parceria com os estados. Na educação, a obrigação do município é cuidar das creches e do ensino fundamental.

 Proteger o patrimônio histórico-cultural do município é também dever do prefeito, e, no nosso caso, mais do que uma obrigação, é um sonho acalentado por todo pensador, pessoa sensível e sensata, que mora ou visita nossa cidade. Temos muito o  que  fazer nessa área, para que nossos descendentes saibam de onde vieram e enriquecimento do  imaginário do nosso povo. E nós esperamos ser contemplados com isso, caríssimo Prefeito Municipal de Triunfo, não relegue a segundo plano as reivindicações e anseios dos cidadãos triunfenses. E aos leitores de O Triunfense peço-lhes que pensem nisso, enquanto é tempo. Namastê!


11 maio, 2013

PROCURAM-SE NOVAS MÃES

Caros triunfenses,

como a data de amanhã é dedicada às mães, aproveito o espaço para mandar um forte e afetuoso abraço a todas as leitoras que alcançaram essa graça, ou estão em vias de. E com o texto 'Procuram-se novas mães',  de Adíia Belotti, que resume com maestria a dor e  o prazer  da maternidade,  apontando os frutos da colheita, ao longo da jornada, que não são poucos, registre-se – homenageio-as.  Feliz dia das Mães!   

Da mesma forma agradeço aos deuses  a qualidade da mãe prestimosa que tive ao meu lado, por longos anos, e que partiu deixando muita saudade. Nesta data, e sempre, dedico-lhe meus melhores sentimentos e também ao meu amado pai, que estaria completando 92 anos, na mesma data. Gladis Maia

PROCURAM-SE NOVAS MÃES  

Exige-se: alegria porque nenhuma criança deveria crescer ao lado de uma mãe triste, desesperançada, deprimida. Entusiasmo, porque todas as crianças deveriam acreditar que a vida é um acontecimento extraordinário, que se realiza a cada instante diante dos seus olhos. Coragem, porque nascer é um esforço e estar no mundo é tarefa para heróis, todos os confortos da modernidade não deveriam nos iludir quanto a isso.


Mães que escondem essa verdade elementar dos filhos que lhes foram designados serão suspensas na primeira oportunidade. Resiliência, expressão que substituiu atributos anteriores como abnegação e espírito de sacrifício, e que deve ser entendida pura e simplesmente como a capacidade de reagir e de se regenerar rapidamente a cada vendaval, tempestade, chuva e trovoada, raios, trovões, desastres ecológicos de todos os tipos, os da natureza e os da alma das criaturas...

Antigamente, era essencial que as candidatas soubessem cozinhar. E muitas boas profissionais cometeram o engano de associar comida com afeto. Um desastre. Hoje se exige apenas que elas ensinem seus filhos a gostar de comer, sem culpas...

Respeito, por si mesma, pelo seu corpo, pelo corpo do outro, porque é nesse espelho que os filhos aprendem o cuidado de si. Uma crença razoável e sensata em algo maior, grande o bastante para acolher os sonhos e as esperanças de uma criança e de sustentá-la pela vida.


Oferecem-se como bônus: beijos melados, abraços quentinhos, muitos “mamãe eu te amo”, cheiro de grama no lençol, mãozinhas fofas, gargalhadas, aconchegos, dobrinhas com perfume de leite azedo, olhares cúmplices, trocas, sonhos compartilhados, histórias antes de dormir, canções de ninar ainda que desafinadas, audições de piano (violão, saxofone, clarinete, violino....), formaturas, todas as primeiras vezes, festas de aniversário, manhãs de sol, dias de chuva debaixo do cobertor, programas favoritos, “mamãe você é linda”, saídas para  acampamento, chegadas do acampamento e um infinito de saudades boas!

04 maio, 2013

UMA ESCOLA INCLUSIVA NÃO PREPARA PARA À VIDA, ELA É A PRÓPRIA VIDA.



O TRIUNFENSE, 04/05/13.



Ser diferente faz parte da condição humana, pensamos, sentimos e agimos de jeitos e intensidades diferentes. E por que isso? Porque cada um de nós, apreende o mundo de forma diversa, mesmo no caso dos gêmeos idênticos. Quem se insurge contra a inclusão parece ignorar que é na diversidade que reside a riqueza das trocas que a escola inclusiva propicia. Na heterogeneidade há a oportunidade de convívio com a diferença, que promove laços saudáveis e sentimentos de solidariedade.


Há ainda uma confusão no ar, generalizada, a respeito desse assunto. Muitos querem fazer crer que a ideia da inclusão é para - e somente para - os alunos da Educação Especial passarem a frequentar as turmas do ensino regular e, ponto. Muitos pais de alunos “normais” se insurgem contra a ideia, alegando que seus filhos serão prejudicados. Muitos pais de deficientes acham que os professores da escola regular não têm dado conta nem dos alunos “normais” e, que portanto não terão capacidade para lidar com seus filhos.




Quem está certo, os pais dos alunos ditos 'normais' ou os pais de crianças e adolescentes com deficiências? Ambos estão errados, pois ignoram que a inclusão representa um resgate histórico do igual direito de todos à educação de qualidade. A escola deve estar aberta aos que nunca tiveram acesso ao estudo, aos portadores de altas habilidades (superdotados), aos que - sem serem deficientes - apresentam dificuldades de aprendizagem e a outras minorias excluídas, como é o caso dos negros, dos ciganos, homossexuais, índios e anões, que precisam nelas ingressar, ficar e aprender.


Na escola inclusiva os professores têm oportunidade de por em prática os quatro pilares para a educação do século XXI, propostos pela UNESCO: aprender a aprender; aprender a fazer; aprender a ser; e aprender a viver junto. A inclusão pressupõe a melhoria da resposta educativa da escola para todos, pois ninguém ignora que é considerável a produção do fracasso escolar, mesmo entre os estudantes sem deficiência, exclusivo, por sua própria natureza.

A escola inclusiva deve melhorar para todos, in-dis-tin-ta-men-te. Instalada e instaurada a inclusão, a escola deve tornar-se àquela que busca o desenvolvimento de todos, a partir das potencialidades humanas, críticas, participativas e autônomas. A escola deve ser pensada e construída como um espaço sadio de pluralismo de ideias!


Mas, na escola inclusiva não se terá mais a inquietação de responder se alguém aprendeu como o outro, mas de observar e acompanhar o jeito inusitado e mágico de cada um viver, de cada um vir-a-ser, no seu tempo, cuidando, acolhendo, compartilhando diferentes jeitos de ser e de aprender. Uma nova ética se impõe, conferindo a todos a igualdade de valor, igualdade de direitos – particularmente os de equidade – e a necessidade de superação de qualquer forma de discriminação por questões étnicas, de gênero, de classe social ou de peculiaridades individuais e diferenciadas.


E, mesmo que a escola inclusiva no Brasil ainda seja apenas um sonho, para que esse sonho vire realidade, num mundo de paz e de harmonia, ela precisa ser, além de ética: prazerosa, integrativa por princípio, e, promotora das condições necessárias para o desenvolvimento das potencialidades de cada um e de todos. 


Qual outro lugar, além da escola, é próprio para formar gerações que elejam, defendam e ajam de acordo com esses valores? E, por que sentimentos e crenças podem ser incentivados, especialmente num lugar que trabalha a formação do sujeito em desenvolvimento, a escola inclusiva é acima de tudo esse solo fértil para o desabrochar e fomentar a ética, a solidariedade e o bem comum. Pensem nisso. Namastê!