29 junho, 2013

A ESPERANÇA NÃO É PARA O FUTURO, É SIM O PRESENTE EM ESTADO DE GRAVIDEZ PERMANENTE, DITA ERICH FRONN.


 O TRIUNFENSE/RS - Ed. 29 de junho .de 2013

 Ter esperança significa estar pronto - a todo momento - para aquilo que ainda não nasceu e todavia não se desesperar se não ocorrer nascimento algum, durante a nossa existência.

Viver plenamente é agir em favor de um desejo de recuperação da dignidade, da integridade e da auto-realização, em favor de sua própria vida e da vida dos seus semelhantes. É estabelecer- ou restabelecer - esses direitos inalienáveis do homem. Temos que viver recheados de esperança, para além da nossa própria vontade. Não aquela esperança recheada de desejos e anseios, que não é esperança, mas cobiça de mais consumo. Não daquela esperança passiva, tipo salvação, em termos teológicos, ou revolução, em termos políticos, que nada mais é do que resignação ou ideologia.


Muitos são os que se sentem conscientemente esperançosos, mas inconscientemente desesperados e vice-versa. Isso pode ser visto muito menos por suas declarações, do que por suas expressões faciais, maneira de andar e capacidade de reagir com interesse para algo diante dos seus olhos. As palavras não são suficientes, para descrevê-la. E, nos dias em que vivemos, o país nas ruas demonstra muito bem isso, de diversas maneiras, é só olhar, com olhos de ver: BRASILLL.

A esperança é um acompanhamento psíquico da vida e do crescimento humano. Quando ela desaparece a vida termina, de fato ou potencialmente. Ela está intimamente ligada à FÉ. A FÉ, palavra que vem do hebraico e significa certeza ,  não é, como pensam alguns, uma forma de crença ou conhecimento: fé nisto ou naquilo, fé demais, fé de menos( risos...), mas a convicção sobre o que não foi ainda provado, aprovado, realizado. É o pré- conhecimento da possibilidade real, a consciência da gravidez, na metáfora de Fromm, em ‘Revolução da Esperança’. É certeza sobre a realidade da possibilidade, mas não é a certeza, no sentido da previsão indiscutível. Como os bebês, ela pode chegar natimorta, pode morrer após o parto, adoecer ou morrer, nas primeiras semanas de vida.

E a FÉ, elemento inseparável do homem de bem, vem baseada na experiência da autotransformação, pois, se eu posso mudar, se eu me permito mudar, os outros também podem.Só vivemos plenamente quando aliados à ESPERANÇA  e à FÉ possuímos CORAGME, no sentido de FIRMEZA. Firmeza como capacidade de resistência para não transformarmos nossa fé ou esperança em otimismo barato ou fé irracional. Firmeza enquanto destemor, como capacidade de dizer não, quando todos ao nosso redor querem ouvir e dizem sim.


     A pessoa destemida não teme ameaças, e nem mesmo a morte. Não estamos nos referindo àqueles que não temem a morte porque não se importam com sua vida, porque viver para eles não significa muito. Referimo-nos ao destemor encontrado na pessoa plenamente desenvolvida, que se apoia em si mesma e à vida. Pessoa que superou a cobiça; livre, porque não se prende a nenhum líder ou ídolo, pessoa ou instituição;  RICA porque ao esvaziar-se  tornou-se oca, pronta para receber; e FORTE, porque não é escrava de ninguém, nem mesmo de seus desejos.


Mas, infelizmente, há vezes em que a esperança é tão completamente destruída que um homem jamais poderá recuperá-la. É quando surge o endurecimento do coração. Entre os carentes, na total acepção da palavra, não é basicamente a frustração econômica que conduz ao ódio e à violência, mas o desespero da situação, das sempre repetidas promessas não cumpridas. Não é apenas o indivíduo que vive pela esperança, mas as classes como a dos professores tão desrespeitada em nosso e em outros estados, por exemplo, e as comunidades,como a nossa, também. 

 E, o triste é que, ao perderem esse potencial, desaparecem, mais cedo ou mais tarde, ou pela baixa vitalidade ou pela destrutibilidade irracional que desenvolvem, razão pela qual os maus políticos temem tanto as manifestações e as  greves das classes organizadas em torno da esperança. Pensem nisto enquanto o Brasil vai às ruas. Namastê!


22 junho, 2013

TRISTE DA TERRA ONDE IMPERA A LEI DE GERSON

       Os mais velhos devem lembrar de uma propaganda de cigarros que convidava as pessoas a se darem bem na vida, sem muito esforço. O texto, de 1976, dizia: “Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo de um bom cigarro? Gosto de levar vantagem em tudo, cerrto? Leve vantagem você também, leve Vila Rica!” O jogador de futebol Gérson de Oliveira (protagonista da dita publicidade, que instigava aos menos sérios a não se preocuparem se algo desse errado, pois sempre haveria uma fórmula mágica de fazer o errado parecer certo) é que ficou com a fama pela frase que batizou o jeitinho brasileiro, e que espalhou a nossa má fama pelo mundo todo.


        Mesmo não sabendo da origem, diante das fraudes, da corrupção, da lavagem de dinheiro, dos superfaturamentos, entre outros crimes cometidos, a expressão lei de Gerson surgiu na boca do povo e virou sinônimo de levar vantagem acima de tudo, sem respeitar códigos éticos ou morais. E se tivéssemos que, a grosso modo, definir o que é um psicopata poderíamos dizer: é aquele ou aquela que se orienta na vida pela lei de Gerson.

Alguns autores denominam os psicopatas como portadores da insanidade da moral. A maioria dos psiquiatras afirma, no entanto, que eles não são doentes,  porque são incuráveis e intratáveis.  Muitos psicólogos descrevem estes seres como praticamente inumanos. Psicopatas ou sociopatas, não importa o nome, eles têm uma tendência para enganar, mentem compulsivamente, distorcem os fatos e ludibriam os outros para obter credibilidade, vantagens pessoais e prazer.

        Para os psicopatas, o outro não importa. São irresponsavelmente desrespeitosos com a segurança própria ou alheia. Sabem que existe a lei, porém, tem inteligência suficiente para passar despercebidos enquanto cometem suas atrocidades e costumam agir deste modo desde a mais tenra idade.  Não possuem remorso por manipular alguém, ferir, maltratar, roubar... São ampla e permanentemente irresponsáveis, não gostam de trabalhar e não costumam pagar as contas que fazem. Em alguns casos, são incapazes de conviver com animais domésticos ou ter apreço pelos sentimentos dos que gostam disso.

        Na população em geral, as taxas deste transtorno de personalidade podem variar de 0,5% a 3%, subindo para 45-66% entre presidiários. O psicólogo Kevin Dutton,  listou as profissões que mais atraem os psicopatas e as que menos possuem profissionais com esse transtorno, no site WND Health. Eles  são mais encontrados entre: os diretores executivos,  os advogados, profissionais de rádio e TV, vendedores, cirurgiões, jornalistas, policiais, pastores, padres, chef de cozinha e funcionários públicos. Menos encontrados entre: os cuidadores de idosos, enfermeiras, terapeutas, artesãos, estilistas, voluntários, professores, artistas, médicos e contadores.

        Infelizmente existe este tipo de gente, para quem a vida dos outros é apenas um meio para chegar ao seu objetivo. É assim que agem alguns políticos. Eles não associam as pessoas que morrem esperando uma cirurgia no SUS ao dinheiro que desviam e que poderia ser um alento à saúde pública. Quem viu por exemplo o Malluf sendo entrevistado pelo CQC teve uma prova cruel disso. Os repórteres o chamaram de ladrão na cara dele e ele ria e fazia piadinhas a respeito.  Malluf e alguns outros políticos conhecidos nossos são bandidos que tiram o dinheiro que diminuiria as filas dos hospitais, melhoraria o salário dos professores e daria mais segurança à população e colocam nos seus bolsos. Eu os classifico como ladrões de bens materiais e de sonhos, seres infectos e desprezíveis, criminosos do pior material humano que uma sociedade pode produzir. Pensem nisso. Namastê!


08 junho, 2013

EDUCAR A EMOÇÃO PODE SER A CHAVE DO SUCESSO NA EDUCAÇÃO

O TRIUNFENSE/RS - 8 DE JUNHO DE 2013

        Vida afora  lembramos com muitos detalhes de tudo que foi intensamente, ou pouquíssimo, prazeroso para nós. Tudo o que somos, pensamos e o universo de nossas emoções se produz a partir da memória. Cada ideia, reação ansiosa, sentimento de amor ou desamor, nos integra ou integrará. Quanto maior o volume emocional, maior a chance de ser registrada, segundo o psiquiatra Augusto Cury, em Pais Brilhantes & Professores Fascinantes.  Enquanto professores, ao trabalharmos com a emoção dos alunos poderemos  ajudá-los a desacelerar seus pensamentos e melhorar sua concentração para registrarem ideias, conceitos, valores, privilegiados na memória.

Cury apresenta na obra citada dez ferramentas psicopedagógicas que podem ser aplicadas na sala de aula, que envolvem basicamente mudanças no ambiente social e psíquico dos professores e objetivam formar pensadores, pela via da educação da emoção, da autoestima, da solidariedade, da tolerância e da habilidade de trabalhar perdas e frustrações.

FERRAMENTAS

São elas:

1ª) música ambiente na sala de aula, para desacelerar o pensamento, aliviar a ansiedade, melhorar a concentração, desenvolver o prazer de aprender, educar a emoção, melhorar a qualidade do registro na memória do que está sendo trabalhado.

2ª) dispor os alunos em círculo ou em ‘u’, para desenvolver a segurança, a educação participativa, diminuir conflitos e conversas paralelas. O enfileiramento é profundamente lesivo aos alunos, causa distração, obstrui a inteligência, destrói a espontaneidade e a segurança para expor as ideias.

 3ª) exposição interrogada: a arte da interrogação, com o objetivo de aliviar a SPA, Síndrome do Pensamento Acelerado, reacender a motivação, desenvolver o questionamento, enriquecer a interpretação de textos e enunciados.

4ª) exposição dialogada: a arte da pergunta, desenvolve a consciência crítica,promove o debate, estimula a educação participativa, supera a insegurança, debela a timidez e melhora a concentração.
5ª) ser um contador de história, para desenvolver a criatividade, educar a emoção, estimular a sabedoria, expandir a capacidade de solução em situações de tensão, socializar.

6ª) humanizar o conhecimento, buscando estimular a ousadia, promover a perspicácia, cultivar a criatividade, incentivar a sabedoria, expandir a capacidade crítica, formar pesadores.

7ª) humanizar o professor: cruzar sua história, desenvolvendo a socialização, estimulando a afetividade, construindo uma ponte produtiva nas relações sociais, estimulando a sabedoria, superando conflitos, valorizando o “ser”.

8ª) educar a auto-estima: elogiar antes de criticar, educa a emoção e a auto-estima, vacina contra a discriminação, promove a solidariedade, resolve conflitos em sala de aula e filtra estímulos estressantes.

9ª) gerenciar os pensamentos e as emoções, tentando resgatar a liderança do eu e prevenir conflitos.10ª) participar de projetos sociais, para  desenvolver a responsabilidade social, a cidadania, cultivar a solidariedade, expandir a capacidade de trabalhar em equipe na educação para a saúde, para a paz, para os direitos humanos.


Gostei do livro, me lembrei com saudade das salas de aula que frequentei enquanto aluna, aliás ainda frequento, e daquelas onde ministrei minhas aulas... Sugiro a sua leitura a todos os professores, pois é um assunto para se pensar. Namastê!

01 junho, 2013

EDUCAÇÃO INCLUSIVA COM OS DEVIDOS PINGOS NOS IS

O TRIUNFENSE/RS - ED. de 1º DE JUNHO DE 2013

        O título deste artigo é o de um livro de Rosita Edler Carvalho, que, com seu jeito vigoroso de defender ideias, indica os severos limites da realidade educacional brasileira, que freiam a realização do sonho da escola para todos. Fala de problemas que encontramos nas suas estruturas, na formação deficitária do professor, na resistência ao ideal inclusivo e no ranço da origem remota da ‘pedagogia da exclusão’, que povoava o ensino já na Antiguidade Clássica, quando a cultura grega, tida até hoje como avançada para a época, destinava a educação apenas aos homens livres. Guerreiros e escravos de ‘classe inferior’ não tinham vez.

        A autora relembra que, se na Antiguidade convivia-se com o extermínio do deficiente, em nome da ‘filantropia’ e do ‘carinho’; na moderna, foram confinados  em instituições, para perderem a visibilidade;   enquanto hoje, em plena implementação da educação inclusiva, as pessoas com deficiências são aceitas nas escolas regulares e ali permanecem(às vezes, nem isso) sem atendimento conveniente, completamente excluídos, de corpo presente. Não raras vezes,  porque os professores estão fadados a participarem de um ideal do qual não se apropriaram ainda, aceitam-se as crianças deficientes apenas por força da lei.

        Edler ratifica a ideia de que o professor desavisado imediatamente associa inclusão com as pessoas com deficiência, sem se dar conta de que há os superdotados, que precisam ser incluídos, assim como os que apresentam dificuldades de aprendizagem e outras minorias excluídas como é o caso dos negros, dos ciganos e anões, só para citar algumas. Para a educadora, a grande questão é como transformar o dia a dia da escola que “defende o mito da igualdade de oportunidades e a traduz como o oferecimento de educação idêntica para todos, desconsiderando-se os diferentes idiomas de ensino e aprendizagem.”

          A autora, no retrato traçado, que pretende indicar os fatores que devem ser considerados para a resignificação dos papéis de nossas escolas, Edler não deixa barato, para nenhum governo que este país já teve, a responsabilidade (ou a falta de) pelo estágio de atraso em que nos encontramos, na área da Educação. Entre os fatores para nos encontrarmos nessa situação, ela  destaca: a precariedade das condições materiais em que trabalham os professores, a desvalorização do magistério, fazendo com que as escolas funcionem, muitas vezes, como cuidadoras de luxo de crianças, relegando a segundo plano a construção do conhecimento e o exercício da cidadania.

        Para a mestra, o direito à educação deve ser espraiado como um bem essencial a ser estendido a todos. Uma escola verdadeiramente democrática constitui um espaço promovedor do exercício da cidadania, e passa, necessariamente, por melhores condições de trabalho e de salário para os professores; investimentos na formação destes, que precisam apropriar-se de novos saberes e tecnologias que possam estar a serviço da educação escolar; avaliação sistemática do processo ensino-aprendizagem; capacitação dos gestores com vistas à administração compartilhada;  constantes relações dialógicas entre professores, dentro e entre  escolas; constante reflexão de todos os envolvidos com o ensino acerca do sentido da educação, num mundo globalizado e em permanente mudança; educação na diversidade, ampliando-se e aprimorando-se a oportunidade de aprendizagem por toda a vida. 

      Há ainda outros pontos referendados nessa obra, que merece/deve ser lida por todos os professores. Namastê!