O TRIUNFENSE/RS - Ed. 29 de junho .de 2013
Ter
esperança significa estar pronto - a todo momento - para aquilo que ainda não
nasceu e todavia não se desesperar se não ocorrer nascimento algum, durante a nossa
existência.
Viver plenamente é agir em favor de um desejo de
recuperação da dignidade, da integridade e da auto-realização, em favor de sua
própria vida e da vida dos seus semelhantes. É estabelecer- ou restabelecer - esses
direitos inalienáveis do homem. Temos que viver recheados de esperança, para
além da nossa própria vontade. Não aquela esperança recheada de desejos e
anseios, que não é esperança, mas cobiça de mais consumo. Não daquela esperança
passiva, tipo salvação, em termos teológicos, ou revolução, em termos
políticos, que nada mais é do que resignação ou ideologia.
Muitos são os que se sentem conscientemente esperançosos, mas inconscientemente desesperados e vice-versa. Isso pode ser visto muito menos por suas declarações, do que por suas expressões faciais, maneira de andar e capacidade de reagir com interesse para algo diante dos seus olhos. As palavras não são suficientes, para descrevê-la. E, nos dias em que vivemos, o país nas ruas demonstra muito bem isso, de diversas maneiras, é só olhar, com olhos de ver: BRASILLL.
A esperança é um acompanhamento psíquico da vida e do crescimento humano. Quando ela desaparece a vida termina, de fato ou potencialmente. Ela está intimamente ligada à FÉ. A FÉ, palavra que vem do hebraico e significa certeza , não é, como pensam alguns, uma forma de crença ou conhecimento: fé nisto ou naquilo, fé demais, fé de menos( risos...), mas a convicção sobre o que não foi ainda provado, aprovado, realizado. É o pré- conhecimento da possibilidade real, a consciência da gravidez, na metáfora de Fromm, em ‘Revolução da Esperança’. É certeza sobre a realidade da possibilidade, mas não é a certeza, no sentido da previsão indiscutível. Como os bebês, ela pode chegar natimorta, pode morrer após o parto, adoecer ou morrer, nas primeiras semanas de vida.
E a FÉ, elemento
inseparável do homem de bem, vem baseada na experiência da autotransformação, pois,
se eu posso mudar, se eu me permito mudar, os outros também podem.Só vivemos
plenamente quando aliados à ESPERANÇA e
à FÉ possuímos CORAGME, no sentido de FIRMEZA. Firmeza como capacidade de
resistência para não transformarmos nossa fé ou esperança em otimismo barato ou
fé irracional. Firmeza enquanto destemor, como capacidade de dizer não, quando
todos ao nosso redor querem ouvir e dizem sim.
A pessoa destemida não teme
ameaças, e nem mesmo a morte. Não estamos nos referindo àqueles que não temem a
morte porque não se importam com sua vida, porque viver para eles não significa
muito. Referimo-nos ao destemor encontrado na pessoa plenamente desenvolvida,
que se apoia em si mesma e à vida. Pessoa que superou a cobiça; livre, porque
não se prende a nenhum líder ou ídolo, pessoa ou instituição; RICA porque ao esvaziar-se tornou-se oca, pronta para receber; e FORTE,
porque não é escrava de ninguém, nem mesmo de seus desejos.
Mas, infelizmente,
há vezes em que a esperança é tão completamente destruída que um homem jamais
poderá recuperá-la. É quando surge o endurecimento do coração. Entre os carentes,
na total acepção da palavra, não é basicamente a frustração econômica que
conduz ao ódio e à violência, mas o desespero da situação, das sempre repetidas
promessas não cumpridas. Não é apenas o indivíduo que vive pela esperança, mas
as classes como a dos professores tão desrespeitada em nosso e em outros
estados, por exemplo, e as comunidades,como a nossa, também.
E, o triste é que, ao perderem esse potencial,
desaparecem, mais cedo ou mais tarde, ou pela baixa vitalidade ou pela
destrutibilidade irracional que desenvolvem, razão pela qual os maus políticos
temem tanto as manifestações e as greves
das classes organizadas em torno da esperança. Pensem nisto enquanto o Brasil
vai às ruas. Namastê!