O TRIUNFENSE, 19/10/2013.
A criança tem o direito de gostar do que gosta. É uma violência
forçá-la a gostar do que os outros gostam ou daquilo que seria normal que ela
gostasse. Forçada ela terá duas saídas: aceitar a imposição, deixando claro que
logo que puder voltará a fazer o contrário, ou achar mais cômodo fingir que se
rendeu à imposição. Na segunda opção, é
quando ela aprende a ser desleal e dissimulada.
A criança tem o direito de obter uma resposta quando quiser saber
o porquê daquilo que lhe está sendo ensinado. É absurdo os educadores – pais e/ou
professores - pretenderem que ela viva hoje uma situação de ontem, até porque
cada época tem suas características e suas exigências.
Outra atitude perigosa,
oposta à tradicional, é aquela que recusa qualquer regra no processo de educação,
pretendendo que a criança, com seu querer livre, dirija inteiramente o
processo. Essa atitude, adotada por muitos educadores, parte do equívoco de que
qualquer ensinamento ou orientação já e uma agressão à liberdade. O que também
poderá ser fruto do comodismo do adulto, ou do desejo de fugir às
responsabilidades.
O ideal é que não houvesse punições e sim uma educação preventiva,
mas, se necessário, devemos tratar, externar, tanto a punição, a proibição,
como a advertência de modo inteligente, racional e lógico, pois assim a criança
não a receberá como demonstração de raiva, intolerância ou incompreensão.
É evidente
que a criança tende a recusar a maioria das tarefas que exijam dela muito
esforço, preferindo fazer apenas o que é mais fácil e lhe dá maior prazer. Mas
ao mesmo tempo, ela gosta de perceber que é capaz de vencer desafios e fazer
descobertas.
Quem já não viu uma criança que não sabe ainda nem pronunciar
direito as palavras e diz, rejeitando a ajuda da gente: “eu conxigu! ” ?
Cabe ao educador criativamente descobrir meios de interessá-la nas
tarefas necessárias à sua aprendizagem e ao seu desenvolvimento intelectual.
Com firmeza e inteligência é preciso dizer à criança que ela está executando um
trabalho importante e que se for persistente, se concentrar, conseguirá vencer
com facilidade, a tarefa.
Estabelecido o jogo, os progressos começam a
aparecer.
Outro desafio: como dizer não? De forma não sistemática, para que
a criança perceba que, quando houver possibilidade e conveniência, seus desejos
serão atendidos. É preferível que a criança fique sabendo, ainda que
minimamente, os motivos da negativa. É necessário que o ato se dê com tranquilidade
e firmeza, sem violência. Pais ou professores que levantarem a voz ou fizerem
ameaças, por gestos ou palavras, jamais conseguirão convencê-la de que estão
agindo com justiça e boa vontade.
Há educadores que recorrem ao seu poder de sedução para
conquistar, em curto prazo, a confiança das crianças. Quando estão de bom
humor, fazem questão de participar das brincadeiras infantis, complacência
paternalista que é habitualmente intercalada por explanações de irritação, que
os fazem ridículos aos olhos dos pequenos que não são bobos e percebem o seu
jogo. Há também os ambiciosos que, com jactância, acreditam que é fácil
transformar crianças – e mesmos adolescentes - por meio de palavras persuasivas
e moralizantes.
Na realidade o que acabam suscitando é tédio e mau-humor nos
alunos. Mas o pior mesmo, em todos os casos que não deram certo, é a mágoa que
permanece indelével, causada por aqueles em quem a criança confiava. fatalmente
elas acabam respondendo a dor com má vontade ou revolta. Pensem nisso. Namastê!
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