31 agosto, 2013

A obsessão espiritual é reconhecida pela Psiquiatria

O TRIUNFENSE, 31/08/2013


    O CID (Código Internacional de Doenças) e o DSM 5 (Manual de Estatística de Desordens Mentais da Associação Americana de Psiquiatria)  desde  1998  reconhecem o estado de transe e o de  possessão como uma perda transitória da identidade, com manutenção de consciência do meio ambiente. Porém ambos distinguem os estados ditos  ‘normais’ e os ‘patológicos’.  São considerados normais os estados que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos e ‘patológicos’ os provocados por doença.

      Mas no nosso dia a dia  o que ocorre é que  ainda muitos médicos rotulam todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas. E o pior é que se forem seus clientes serão tratados com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas... Vidas?

     O próprio DSM 5  alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar  alucinação ou loucura. Os casos em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença. Neste aspecto, consideram que a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto na loucura (transtornos mentais psiquiátricos) como na interferência de um ser desencarnado, gerando a obsessão espiritual.

     Felizmente, um  número considerável de médicos - e outros profissionais que trabalham com a dor humana e suas tentativas de cura, ou pelo menos alívio - começam a perceber e a tratar mais do que as vísceras embutidas no corpo, incluindo também o espírito que nos habita.

     Os preconceitos começam a cair por terra, não tão ligeiro como gostaríamos, mas a caminho. Observem que  Carl Gustav Jung, discípulo de Freud já naquela época, nos primórdios da psicanálise, teria estudado  o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas. Diante disso,  só nos resta termos esperanças de que em breve todas as faculdades de medicina e áreas afins estudem e pratiquem uma medicina mais espiritualizada.

     Todos hão de convir que é bastante palpável que haja vida inteligente além dessa desastrada trajetória pela terra.Para mim, o fato do homem se considerar o rei do universo - com a imensidão de falhas que possui - é no mínimo ridículo, para não dizer bestial. 

     Hoje em dia nem mesmo um materialista convicto pode, em sã consciência, imaginar que este universo incomensurável e antigo como o tempo, no qual nosso planeta é apenas comparável a um grão de areia na Via Láctea, entre milhões de outras galáxias existentes, tenha sido construído para o homem reinar soberano, no máximo por pouco mais de 100 anos e transferir  esse’poder’ aos seus descendentes. Pensem nisso! Namastê!


24 agosto, 2013

O ESTADO CRÍTICO DA EDUCAÇÃO PASSA PELA FALTA DE FAMILIARIDADE DOS ALUNOS E PROFESSORES COM OS LIVROS


O TRIUNFENSE, 24/08/2013

É preciso que se diga que leitura não é passatempo, pode – e deve inclusive - ocupar um tempo considerável das nossas vidas, mas leitura é trabalho, é atividade, é intervenção do leitor no texto produtivo. É um ato que exige empenho, atuação, persistência. 

Ler é conhecer, não apenas no sentido de acumular informações, mas de integrar-se à realidade do mundo e da interioridade. É buscar a capacidade de se propor utopias para depois persegui-las, enquanto  vivos,para que  depois de mortos, alguém continue a colher o que semeamos e entusiasmado recomece o plantio.

Onde aprendemos a ler? Geralmente na escola, mas contraditoriamente  algumas pesquisas dão conta de que o professor leitor-crítico é raridade em nossas escolas, especialmente as públicas, seja pela falta de salário digno, pelo tempo escasso, desinformação, lacunas na formação profissional, etc. 

Em paralelo, estudos apontam que entre os alunos egressos do sistema escolar a maior dificuldade apresentada, ao se defrontarem com um texto é interpretá-lo, e até entender o que dizem as palavras ali escritas.

Paradoxalmente, nunca se publicou tanto na história da escrita como no século passado. Mesmo com a entrada vitoriosa dos computadores na vida moderna, a escrita e a leitura continuam sendo ações indispensáveis ao desenvolvimento humano. 

No entanto, não tem crescido, proporcionalmente, o número de leitores críticos, com capacidade de desempenharem-se bem em múltiplas escritas e competência de ler entrelinhas, entre estudantes de todos os níveis de ensino.

Numa ciranda perversa, o leitor formado pela escola somente lê o que lhe cai graciosamente às mãos - geralmente textos em Xerox, no mínimo incompletos. Ao deixar as salas de aula, a falta de exercício da leitura verbal reconverte-o em analfabeto, ou o torna um analfabeto funcional e, muito tragicamente, em um cidadão que sabe ler, mas não lê.

Dito isto, tristemente concluímos que as salas de aula – na mais feliz das hipóteses, considerando-se os altos níveis de evasão e de repetência das escolas públicas - tem sido apenas alfabetizado-
ras, isto é, capaz de dar a conhecer às crianças a correspondência entre o som e a letra e tem se mostrado incapaz na formação de leitores. 

Da mesma forma os pais que não leem não podem cobrar dos filhos a leitura e, muito menos educam pelo exemplo, que é o melhor professor.Tomara que um dia - espero que esse dia venha logo – autoridades em educação, em todos os níveis – se deem conta do quanto é necessário investir, e cobrar os resultados do investimento, nas áreas de formação, informação e atualização dos professores, assim como melhorar seus salários para que estes deixem de trabalhar 40, 60 h por semana, e tenham mais tempo para ler, e, consequente-mente para ensinarem a ler, de verdade. Pensem nisto! Namastê! 

17 agosto, 2013

QUEREMOS UMA ESCOLA PARA TODOS APRENDEREM A APRENDER

O TRIUNFENSE/RS - ED. 17 DE AGOSTO DE 2013.


"As crianças gostam de estar com outras crianças e se o propósito da escola é preparar as pessoas para a vida depois da escola, para a vida em comunidade, elas precisam dessa oportunidade. (...) Os jovens precisam aprender que a diversidade é positiva, tal como deixar de fumar ou usar drogas." Gordon Porter, in terrasdabeira.com


Qualquer criança, em qualquer época de sua vida pode apresentar dificuldades de qualquer ordem, que podem afetar o seu processo de desenvolvimento, a sua aprendizagem, em qualquer nível. Cada estudante tem seu ritmo próprio de aprendizagem, com estratégias diversificadas, que implicam na sua visão própria, particular do mundo. É lícito, por isto mesmo, que cada aluno seja apreendido em sua singularidade, no seu todo; e não de forma compartimentada, em setores. Ele precisa ser reconhecido em suas peculiaridades e necessidades, durante a prática docente, que necessita ser vista como dimensão social da formação humana.


 A história de cada um, em particular, deve interessar ao grupo, deve ser respeitada enquanto possibilidade do homem, e não como determinismo, da mesma forma que a história, na maior amplitude da acepção do termo. Não há uma poção mágica, nem fórmula unificada de atuação, para que se implante a Escola Para Todos - pelo menos de imediato – mas, a título de estudo, reunimos algumas ideias obtidas em leituras a respeito do assunto e as dispusemos numa analogia, como se fôssemos preparar um saboroso prato, que, mesmo utópico,  já começa a causar água na boca dos mais apaixonados pela Educação Inclusiva, como eu.


FAXINA 

Todo bom cozinheiro sabe que antes de arregaçar as mangas para preparar suas deliciosas iguarias é saudável a realização de uma limpeza na cozinha. No nosso caso, no espaço educacional. 

Portanto, a hora é de descartarmos na lixeira: todos os nossos preconceitos; a arrogância e a sisudez, com ares de intelectualidade; a desesperança, o pessimismo, as descrenças, o isolamento; os muros e paredes que separam a escola da vida lá fora; a evasão; a reprovação; a formação de turmas por desempenho escolar; a competição entre alunos; a demarcação rígida das disciplinas e dos conteúdos programáticos; as folhinhas xerocadas que exigem respostas iguais ou semelhantes; os livros-textos, se servirem de guia único ao professor, que o utiliza tal qual bíblia nas igrejas ou templos; e a exclusão causada pela diversidade cultural, social, étnica, religiosa, de gênero, etc.

 E, coloquemos, numa prateleira bem alta, longe dos olhos, para que só venhamos a utilizá-las em última caso, por absoluta necessidade do fazer pedagógico: as aulas expositivas; a memorização; e a rigidez sequencial dos conteúdos programáticos.


INGREDIENTES


  Reunamos então grandes porções de: ética, justiça e direitos humanos, para prepararmos um suculento molho. A seguir, separemos , para misturarmos depois, doses renováveis de: fé no porvir; valorização dos saberes e das identidades dos alunos; respeito às diferenças sociais, étnicas, religiosas, culturais e de gênero; liberdade; esperança; trabalhos em grupo; intuição; ciência; afeto; alegria; harmonia; entendimento; compreensão; muitas experiências teóricas e práticas; disponibilidade para a escuta e para o diálogo; leituras; debates; discussões; observação; conhecimento; integração de saberes, através da interdisciplinaridade; e sensibilidade, SEMPRE.


 E para temperar o nosso delicioso prato e torná-lo mais digerível, vamos usar pitadas , constantes, de: questionamentos; planejamento; desenvolvimento de habilidades e competências; muita reflexão; estudo; socialização; e convivência amorosa.


MODO DE FAZER 

 Utilizar os ingredientes em pequenas turmas de alunos com rendimento heterogêneo e professores com a formação inicial e continuada aprimoradas constantemente, integrados à família dos estudantes e à comunidade em que a escola se insere, através de projetos que gerem e se nutram de experiências de intercâmbio de ideias e ações.


MANEIRA DE SERVIR

 Num ambiente limpo, bonito, bem cuidado, cheiroso, decorado com a arte das crianças, e , em meio à colaboração e a solidariedade entre alunos e professores, nas escolas, em casa, nas ruas, nos bairros, na sociedade como um todo, de tal forma que gere vínculos saudáveis não só entre os pares, mas entre toda a comunidade escolar. E então, sirvamos, com carinho, nossa acalentada especiaria. E, bom apetite!


Se já tentou preparar o prato, provou e gostou, ou está pensando em prepará-lo, que ma-ra-vi-lha!  Porém, se achou indigesto, um conselho: diante dos insucessos, que porventura tenha tido na sala de aula – não se indague aonde e onde você vem e tem errado como educador ou educadora, pergunte-se pelos valores da sociedade em que vive e o que tem feito para mudá-los.
Pensem nisso! Namastê.


10 agosto, 2013

REDES DE SOLIDARIEDADE SÃO FUNDAMENTAIS PARA A INCLUSÃO

o triunfense - 10 de agosto de 2013

Do nascimento à morte, o ser humano participa de uma trama interpessoal que o molda e que ao mesmo tempo contribui para moldar a sua rede social. O vínculo pode ser considerado a palavra-chave para a compreensão deste  conceito.

No início, a rede é constituída pela família. Depois os amigos passam a integrá-la, os colegas de estudo, os colegas de trabalho e outras pessoas que formam a sociedade na qual vive o sujeito. Uma rede social pessoal estável, sensível, ativa e confiável protege a todos e, em especial, as pessoas com deficiências.

Na vida cotidiana  a rede social atua como agente de ajuda e encaminhamento. Interfere na construção e manutenção da autoestima, acelera os processos de cura e recuperação e aumenta a sobrevida. A convivência é considerada como uma das formas mais efetivas de desenvolvimento e cultivo da inclusão, tanto  na família como na sociedade,  e pode ser traduzida pelo respeito à individualidade,  a aceitação das diferenças, o reconhecimento dos direitos de cada um. E também um  estímulo ao diálogo, entre outros aspectos.

A promoção da vida e bem-estar impulsiona,  potencializa e qualifica a vida de cada um. A proteção se manifesta antes mesmo do nascimento e se efetiva em medidas que visam garantir a segurança física, emocional e social de cada um e do grupo familiar como um todo .

No grupo familiar isso se realiza com a criação de um ambiente físico e psicológico favorável às trocas afetivas e simbólicas para que ocorra o  crescimento individual e grupal. O papel da família é portanto constituir-se nesse território seguro para o sujeito em formação e deve emprestar  solidariedade a todos os  seus membros.

 A inclusão visa à inserção familiar e social de seus membros para além da sua comunidade . O sentimento de pertença é essencial não só à criança em desenvolvimento, mas a qualquer um dos membros da família e da sociedade.

E é necessário construirmos uma orientação para a vida, o que pode ser  traduzido como um “guia internalizado”. Guia do indivíduo, do grupo familiar e também  da sociedade que rege o que é considerado correto, aceitável, esperado, desejado...

Muito se tem atribuído às escolas a formação integral do sujeito, esquecendo-se a importância da família e da sociedade neste processo. Por sermos essencialmente seres sociais, o desenvolvimento da nossa personalidade e a plenitude das nossas potencialidades passam necessariamente pela presença ou ausência dos cuidados familiais e sociais.  E, como amanhã é uma data especial, desejo que todos os  pais triunfenses  -  biológicos ou de coração -  pensem na importância que possuem  junto aos seus filhos. Feliz dia dos Pais. Namastê!