26 janeiro, 2013

- NÃO VAI DAR NAAAAAADA!


O TRIUNFENSE 26/01/13

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. Ruy Barbosa, 1914.

Diante de certas colocações nas redes sociais, escancaradas para o mundo via internet, em especial a mais visitada das páginas de Triunfo no facebook, sinto vergonha de ter sido educadora de parte deste povo e de certas autoridades, pois acabo tropeçando nas minhas convicções espirituais de que qualquer ser humano tem salvação. 

Não devia, mas sinto-me envergonhada por ter batalhado sempre pela justiça, pela honestidade, pela verdade, equanimidade e ver que o caminho da desonra é trilhado por aqui serenamente, e aplaudido por pífios. Quisera não ser triunfense ao ler tantas desculpas para justificar atos criminosos, de pessoas sem moral, sem ética.

Sinto vergonha por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade, pela paz, pelo amor. A ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com o outro, o desrespeito, a frieza psicopata da demasiada preocupação com a satisfação própria, individualista, me abala muito. 

Tenho vergonha de mim, tornada dinossauro, pois faço parte de um povo que não reconheço, que envereda por atalhos que nunca pensei conhecer e jamais quero percorrer.Tenho vergonha da minha impotência, das minhas desilusões e do meu cansaço. Tenho muita pena de mim mesma, por tanta relutância em esquecer a minha antiga/atual posição de sempre contestar, voltar atrás e mudar o futuro.É muito dolorosa essa posição ambivalente.

Outra expressão desagradabilíssima gritada à toa por essa mesma gentalha que defende bandidos, nas ruas e no facebook, manda os descontentes com a roubalheira, com a falta de vergonha na cara de políticos inescrupulosos, irem embora. E eu respondo, por mim e pelos outros defensores da cidadania: não quero ir embora por que amo este meu chão, amo as águas dos rios que o banham e me estabilizam. Não quero ir embora por que meu peito-cérebro-coração vibram ao ouvir nosso hino, pura poesia da grande Selminha que, vergonhosamente, perdeu sua autoria, por um ato legislativo burro e irresponsável. Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo triunfense! Pensem nisso. Namastê.

EM TEMPO: não vai dar nada, porque já deu e vai dar mais: cadeia, serviços prestados, cestas básicas, devolução de dinheiro, ficha suja, inelegibilidade por oito anos... E no mais, consultem seus advogados!

*Estetexo é uma adaptação de ‘Tenho Vergonha’,de Cleide Canton, publicado em sua página na internet.


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