17 agosto, 2013

QUEREMOS UMA ESCOLA PARA TODOS APRENDEREM A APRENDER

O TRIUNFENSE/RS - ED. 17 DE AGOSTO DE 2013.


"As crianças gostam de estar com outras crianças e se o propósito da escola é preparar as pessoas para a vida depois da escola, para a vida em comunidade, elas precisam dessa oportunidade. (...) Os jovens precisam aprender que a diversidade é positiva, tal como deixar de fumar ou usar drogas." Gordon Porter, in terrasdabeira.com


Qualquer criança, em qualquer época de sua vida pode apresentar dificuldades de qualquer ordem, que podem afetar o seu processo de desenvolvimento, a sua aprendizagem, em qualquer nível. Cada estudante tem seu ritmo próprio de aprendizagem, com estratégias diversificadas, que implicam na sua visão própria, particular do mundo. É lícito, por isto mesmo, que cada aluno seja apreendido em sua singularidade, no seu todo; e não de forma compartimentada, em setores. Ele precisa ser reconhecido em suas peculiaridades e necessidades, durante a prática docente, que necessita ser vista como dimensão social da formação humana.


 A história de cada um, em particular, deve interessar ao grupo, deve ser respeitada enquanto possibilidade do homem, e não como determinismo, da mesma forma que a história, na maior amplitude da acepção do termo. Não há uma poção mágica, nem fórmula unificada de atuação, para que se implante a Escola Para Todos - pelo menos de imediato – mas, a título de estudo, reunimos algumas ideias obtidas em leituras a respeito do assunto e as dispusemos numa analogia, como se fôssemos preparar um saboroso prato, que, mesmo utópico,  já começa a causar água na boca dos mais apaixonados pela Educação Inclusiva, como eu.


FAXINA 

Todo bom cozinheiro sabe que antes de arregaçar as mangas para preparar suas deliciosas iguarias é saudável a realização de uma limpeza na cozinha. No nosso caso, no espaço educacional. 

Portanto, a hora é de descartarmos na lixeira: todos os nossos preconceitos; a arrogância e a sisudez, com ares de intelectualidade; a desesperança, o pessimismo, as descrenças, o isolamento; os muros e paredes que separam a escola da vida lá fora; a evasão; a reprovação; a formação de turmas por desempenho escolar; a competição entre alunos; a demarcação rígida das disciplinas e dos conteúdos programáticos; as folhinhas xerocadas que exigem respostas iguais ou semelhantes; os livros-textos, se servirem de guia único ao professor, que o utiliza tal qual bíblia nas igrejas ou templos; e a exclusão causada pela diversidade cultural, social, étnica, religiosa, de gênero, etc.

 E, coloquemos, numa prateleira bem alta, longe dos olhos, para que só venhamos a utilizá-las em última caso, por absoluta necessidade do fazer pedagógico: as aulas expositivas; a memorização; e a rigidez sequencial dos conteúdos programáticos.


INGREDIENTES


  Reunamos então grandes porções de: ética, justiça e direitos humanos, para prepararmos um suculento molho. A seguir, separemos , para misturarmos depois, doses renováveis de: fé no porvir; valorização dos saberes e das identidades dos alunos; respeito às diferenças sociais, étnicas, religiosas, culturais e de gênero; liberdade; esperança; trabalhos em grupo; intuição; ciência; afeto; alegria; harmonia; entendimento; compreensão; muitas experiências teóricas e práticas; disponibilidade para a escuta e para o diálogo; leituras; debates; discussões; observação; conhecimento; integração de saberes, através da interdisciplinaridade; e sensibilidade, SEMPRE.


 E para temperar o nosso delicioso prato e torná-lo mais digerível, vamos usar pitadas , constantes, de: questionamentos; planejamento; desenvolvimento de habilidades e competências; muita reflexão; estudo; socialização; e convivência amorosa.


MODO DE FAZER 

 Utilizar os ingredientes em pequenas turmas de alunos com rendimento heterogêneo e professores com a formação inicial e continuada aprimoradas constantemente, integrados à família dos estudantes e à comunidade em que a escola se insere, através de projetos que gerem e se nutram de experiências de intercâmbio de ideias e ações.


MANEIRA DE SERVIR

 Num ambiente limpo, bonito, bem cuidado, cheiroso, decorado com a arte das crianças, e , em meio à colaboração e a solidariedade entre alunos e professores, nas escolas, em casa, nas ruas, nos bairros, na sociedade como um todo, de tal forma que gere vínculos saudáveis não só entre os pares, mas entre toda a comunidade escolar. E então, sirvamos, com carinho, nossa acalentada especiaria. E, bom apetite!


Se já tentou preparar o prato, provou e gostou, ou está pensando em prepará-lo, que ma-ra-vi-lha!  Porém, se achou indigesto, um conselho: diante dos insucessos, que porventura tenha tido na sala de aula – não se indague aonde e onde você vem e tem errado como educador ou educadora, pergunte-se pelos valores da sociedade em que vive e o que tem feito para mudá-los.
Pensem nisso! Namastê.


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