20 julho, 2013

PAIS E TODOS OS QUE CONVIVEM COM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA COMPARTILHEM ISTO



O TRIUNFENSE – 20/07/2013

A primeira batalha constante, 24h por dia, é livrar-se do negativismo, compreensivo e sintomático, que acompanha a maioria dos pais de pessoas com deficiência, já que vivemos numa sociedade competitiva que costuma idolatrar os ‘vencedores’ e evitar os ‘perdedores’. Já dentro de casa mesmo existe muitas vezes o preconceito, os próprios familiares encaram a deficiência não como uma característica pessoal neutra, mas como uma qualidade negativa, que requer segredo, defensivas e vergonhas. Ter um filho com deficiência não tem que necessariamente tornar-se uma tragédia. É claro que é um desafio - em muitas situações inclusive torna-se uma inconveniência e, é sempre uma preocupação - mas não é uma tragédia.

       Os pais têm a obrigação de compartilhar os dons e as carências de seu filhos com seus familiares mais distantes, amigos, conhecidos, membros da comunidade - desde as pessoas que encontram no supermercado, aos professores, médicos, enfermeiras, recepcionistas, motoristas de ônibus e policiais,etc. Não esperem que as pessoas reconheçam as realizações de seus filhos; não se iluda pensando que eles sabem do que o seu filho precisa; não imagine  que eles venham a perceber  quem seu filho realmente é. Corra antes da decepção, conte a eles, sempre que puder.  Precisamos desenvolver nossa consciência de que as realizações das crianças, jovens e mesmo os adultos com deficiências, não importa em que nível, devem ser sempre valorizadas, celebradas e homenageadas.

Os pais, os familiares mais próximos, os amigos e as pessoas que trabalham com pessoas com deficiência precisam aprender a mostrar as potencialidades e os seus sucessos, e comunicar isso o mais longe possível, para que as outras pessoas não precisem sentir pena delas. Não se envergonhem de se expor, as redes sociais, por exemplo, também pertencem as pessoas com deficiência. Vamos sensibilizar e tornar essas comunidades mais cidadãs e humanitárias. Ao compartilhar essas informações, é evidente que o uso de uma linguagem respeitosa é essencial, evitando retratar a pessoa como uma vítima ou uma sofredora. Usar uma abordagem baseada nas suas potencialidades, mostrar que a deficiência é apenas uma pequena parte da pessoa. Vamos falar de suas habilidades, de seus interesses, ao invés de déficits. Reduzir os rótulos médicos e técnicos é também básico.

 Infelizmente, há alguns pais - ou as próprias pessoas com deficiências - que não podem ou não querem compartilhar informações por problemas de cultura, capacidade ou de oportunidade. Quanto mais invisível a deficiência é, maior a relutância em compartilhá-la. Tomarmos consciência disso  vai tornar-se necessário quando as pessoas com deficiência não forem mais estigmatizadas. A desestigmatização começa com as percepções que as famílias e as pessoas com deficiência têm de si mesmas. Não tem de ser assim. A natureza estigmatizante desse negativismo tem evitado que as crianças com deficiência sejam bem recebidas nas escolas convencionais, contribuindo assim para a negação de sua cidadania plena nas comunidades onde residem.

Mas tenho muita esperança de que quando todos tiverem informações adequadas sobre todas as deficiências - e a inclusão vai oportunizar isso – os ditos ‘normais’ serão, na melhor das hipóteses superficialmente amigáveis ou neutros, em relação as pessoas com deficiência e, na pior das hipóteses, insensíveis e cruéis. Infelizmente desde que o mundo é mundo, existem pessoas assim, que permanecem insensíveis ao problema, até que elas próprias ou alguém muito próximo adquira uma deficiência, seja por um AVC, um acidente de carro, ou de outra forma. Pensem nisso! Namastê!


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