O TRIUNFENSE/RS - ED. de 1º DE JUNHO DE 2013
O
título deste artigo é o de um livro de Rosita Edler Carvalho, que, com seu
jeito vigoroso de defender ideias, indica os severos limites da realidade
educacional brasileira, que freiam a realização do sonho da escola para todos.
Fala de problemas que encontramos nas suas estruturas, na formação deficitária
do professor, na resistência ao ideal inclusivo e no ranço da origem remota da ‘pedagogia
da exclusão’, que povoava o ensino já na Antiguidade Clássica, quando a cultura
grega, tida até hoje como avançada para a época, destinava a educação apenas
aos homens livres. Guerreiros e escravos de ‘classe inferior’ não tinham vez.
A
autora relembra que, se na Antiguidade convivia-se com o extermínio do deficiente,
em nome da ‘filantropia’ e do ‘carinho’; na moderna, foram confinados em instituições, para perderem a visibilidade;
enquanto
hoje, em plena implementação da educação inclusiva, as pessoas com deficiências
são aceitas nas escolas regulares e ali permanecem(às vezes, nem isso) sem
atendimento conveniente, completamente excluídos, de corpo presente. Não raras
vezes, porque os professores estão
fadados a participarem de um ideal do qual não se apropriaram ainda, aceitam-se
as crianças deficientes apenas por força da lei.
Edler
ratifica a ideia de que o professor desavisado imediatamente associa inclusão
com as pessoas com deficiência, sem se dar conta de que há os superdotados, que
precisam ser incluídos, assim como os que apresentam dificuldades de aprendizagem
e outras minorias excluídas como é o caso dos negros, dos ciganos e anões, só
para citar algumas. Para a educadora, a grande questão é como transformar o dia
a dia da escola que “defende o mito da
igualdade de oportunidades e a traduz como o oferecimento de educação idêntica
para todos, desconsiderando-se os diferentes idiomas de ensino e aprendizagem.”
A autora, no retrato traçado, que pretende
indicar os fatores que devem ser considerados para a resignificação dos papéis
de nossas escolas, Edler não deixa barato, para nenhum governo que este país já
teve, a responsabilidade (ou a falta de) pelo estágio de atraso em que nos
encontramos, na área da Educação. Entre os fatores para nos encontrarmos nessa
situação, ela destaca: a precariedade
das condições materiais em que trabalham os professores, a desvalorização do
magistério, fazendo com que as escolas funcionem, muitas vezes, como cuidadoras
de luxo de crianças, relegando a segundo plano a construção do conhecimento e o
exercício da cidadania.
Para a mestra, o direito à educação deve ser espraiado
como um bem essencial a ser estendido a todos. Uma escola verdadeiramente
democrática constitui um espaço promovedor do exercício da cidadania, e passa, necessariamente,
por melhores condições de trabalho e de salário para os professores; investimentos
na formação destes, que precisam apropriar-se de novos saberes e tecnologias
que possam estar a serviço da educação escolar; avaliação sistemática do
processo ensino-aprendizagem; capacitação dos gestores com vistas à
administração compartilhada; constantes
relações dialógicas entre professores, dentro e entre escolas; constante reflexão de todos os
envolvidos com o ensino acerca do sentido da educação, num mundo globalizado e
em permanente mudança; educação na diversidade, ampliando-se e aprimorando-se a
oportunidade de aprendizagem por toda a vida.
Há ainda outros pontos
referendados nessa obra, que merece/deve ser lida por todos os professores. Namastê!
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