04 maio, 2013

UMA ESCOLA INCLUSIVA NÃO PREPARA PARA À VIDA, ELA É A PRÓPRIA VIDA.



O TRIUNFENSE, 04/05/13.



Ser diferente faz parte da condição humana, pensamos, sentimos e agimos de jeitos e intensidades diferentes. E por que isso? Porque cada um de nós, apreende o mundo de forma diversa, mesmo no caso dos gêmeos idênticos. Quem se insurge contra a inclusão parece ignorar que é na diversidade que reside a riqueza das trocas que a escola inclusiva propicia. Na heterogeneidade há a oportunidade de convívio com a diferença, que promove laços saudáveis e sentimentos de solidariedade.


Há ainda uma confusão no ar, generalizada, a respeito desse assunto. Muitos querem fazer crer que a ideia da inclusão é para - e somente para - os alunos da Educação Especial passarem a frequentar as turmas do ensino regular e, ponto. Muitos pais de alunos “normais” se insurgem contra a ideia, alegando que seus filhos serão prejudicados. Muitos pais de deficientes acham que os professores da escola regular não têm dado conta nem dos alunos “normais” e, que portanto não terão capacidade para lidar com seus filhos.




Quem está certo, os pais dos alunos ditos 'normais' ou os pais de crianças e adolescentes com deficiências? Ambos estão errados, pois ignoram que a inclusão representa um resgate histórico do igual direito de todos à educação de qualidade. A escola deve estar aberta aos que nunca tiveram acesso ao estudo, aos portadores de altas habilidades (superdotados), aos que - sem serem deficientes - apresentam dificuldades de aprendizagem e a outras minorias excluídas, como é o caso dos negros, dos ciganos, homossexuais, índios e anões, que precisam nelas ingressar, ficar e aprender.


Na escola inclusiva os professores têm oportunidade de por em prática os quatro pilares para a educação do século XXI, propostos pela UNESCO: aprender a aprender; aprender a fazer; aprender a ser; e aprender a viver junto. A inclusão pressupõe a melhoria da resposta educativa da escola para todos, pois ninguém ignora que é considerável a produção do fracasso escolar, mesmo entre os estudantes sem deficiência, exclusivo, por sua própria natureza.

A escola inclusiva deve melhorar para todos, in-dis-tin-ta-men-te. Instalada e instaurada a inclusão, a escola deve tornar-se àquela que busca o desenvolvimento de todos, a partir das potencialidades humanas, críticas, participativas e autônomas. A escola deve ser pensada e construída como um espaço sadio de pluralismo de ideias!


Mas, na escola inclusiva não se terá mais a inquietação de responder se alguém aprendeu como o outro, mas de observar e acompanhar o jeito inusitado e mágico de cada um viver, de cada um vir-a-ser, no seu tempo, cuidando, acolhendo, compartilhando diferentes jeitos de ser e de aprender. Uma nova ética se impõe, conferindo a todos a igualdade de valor, igualdade de direitos – particularmente os de equidade – e a necessidade de superação de qualquer forma de discriminação por questões étnicas, de gênero, de classe social ou de peculiaridades individuais e diferenciadas.


E, mesmo que a escola inclusiva no Brasil ainda seja apenas um sonho, para que esse sonho vire realidade, num mundo de paz e de harmonia, ela precisa ser, além de ética: prazerosa, integrativa por princípio, e, promotora das condições necessárias para o desenvolvimento das potencialidades de cada um e de todos. 


Qual outro lugar, além da escola, é próprio para formar gerações que elejam, defendam e ajam de acordo com esses valores? E, por que sentimentos e crenças podem ser incentivados, especialmente num lugar que trabalha a formação do sujeito em desenvolvimento, a escola inclusiva é acima de tudo esse solo fértil para o desabrochar e fomentar a ética, a solidariedade e o bem comum. Pensem nisso. Namastê!

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